Numa sexta feira, de Janeiro de 2011, já noite, o parque de estacionamento do Estádio Municipal de Almada começou a sentir a agitação, tinha constado, uns dias antes, que alguns piratas por ali estavam em vias de ancorar uma fragata, fazendo assim companhia á de D. Fernando ancorada em Cacilhas……, e essa ao que se soube está ancorada para visitas guiadas. Mas, dizia eu, sentia-se agitação, fervilhava quase de conspiração aquele espaço. Notou-se que os piratas sabiam ao que vinham e, mais grave, traziam boas intenções, onde já se viu tal descaramento. Enquanto se procedia ao desembarque e se deixavam os botes (vulgo viaturas) ancoradas no parque, os piratas começavam a dar mostras de conhecer o plano de assalto, o pirata-mor munido de um mapa de onde constavam uns algarismos colocados de forma sequencial ia distribuindo uma cópia a cada um, mas logo ali deu para ver que estava em andamento um enigma, e tal como um puzzle aqueles algarismos não eram iguais, ou seja, tinham que todos juntos fazer a sequência com algum sentido, para um fim qualquer, mas não para o fim, mas sim para proporcionar prazer e, acima de tudo, um convívio são e salutar fazendo aquilo que gostamos.
Embarcados os piratas, rumaram ao lado sul do Parque da Paz, tal caravela na noite avistaram ao longe um barco que se aproximava proveniente do parque de estacionamento do PP, havia , ainda piratas por reunir por aqueles lados.
Lançados ao mar, isto é ao asfalto, os piratas enveredaram por navegar com a costa á vista…Piedade, cova da, como se diz, invadida, conquistada diziam muitos, poucos ou nenhuns discordavam, Seguiram frente ao Centro de Saúde, vulgo SAP de Almada, pela nossa saúde se corre, deixamo-lo para trás.
Emídio Navarro sorri-nos, andámos muitos por ali e aqueles que não andaram invadiram os seus arredores numa singela homenagem.
Centro de Almada….começa o primeiro encontro com o que se pensava ser Caravela inimiga, espanto dos espantos, a pirataria desarmou logo o inimigo que com ar de espanto e ao mesmo tempo de tolerância nos prestou “vassalagem” era metro…disseram.
No auge daquela que homenageia a revolução dos cravos, sim a 25 de Abril, os piratas eram aclamados como libertadores de mesinhas, ou outras maleitas que nos atrofiam o corpo e a mente, por manifestarem coragem de por ali navegarem a tais horas, aquelas em que parece que o sofá nos alicia a desenvolver o abcesso abdominal.
Farol de Cacilhas á vista, aquele que se avista e aquele onde se põe a vista por ser estalagem obrigatória para o designado sumo suculento da cevada e que de lado ficou, pois era para o Ginjal que a frota se encaminhava. De ginjas nada, mas uma vista do outro lado da margem do belo Tejo que nos fazia lembrar que existe sempre uma ligação entre as margens, tal como uma ligação entre o correr e o prazer de o fazer junto ao rio.
Sugerido o “atira-te ao rio” ninguém o fez, mas não ficou indiferença, soaram bem as palmas e a saudação aos piratas, que foram retribuídas com gentileza.
Alguém balbuciou, olha o “Olho de boi”….como? Interrogaram alguns, passados alguns metros todos concordaram era difícil dominar o animal, a primeira dificuldade surgida veio apimentar o prazer, é pá quem disse que isto era fácil…somos piratas, não somos…exclamou-se!
Vencido o Olho do dito, deslumbrava Lisboa, e a luzes dos piratas brilhavam como nunca na escuridão, era a emancipação do grupo, agora já crescido alongava-se e permanecia coeso…dizia-se que o padrinho, ou capitão, por vezes era duro com os piratas, mas generoso, comentava-se!
Entrados por Almada dita a velha, zona de Estalagens e tabernas, eram os piratas olhados incrédulos, e sujeitos á critica acrítica de quem não julga, pensa em julgar…ouviram-se vivas e palmas, bem como incentivos. Viva a juventude que um dia destes acorda e diz, vou calçar as sapatilhas e correr com esta pirataria.
Conde de Ferreira, saudou-nos…já muitos de nós por ali foram felizes. São Paulo abençoo-nos, primando por nos dar a imponência do Cristo Rei, visto ao longe parece pequeno mas luminoso, mas de perto e depois da romaria da subida, encanta-nos por essa característica imponente e serviu de base para reagrupar a pirataria, colocando as caravelas ás voltas para que o final fosse em apogeu.
Pragal, que de cima é fácil, empurrou-nos pela descida…de encontro á estação, espécie de porto de abrigo de uns comboios, coisa que ainda está por inventar, e ao que parece andam sobre carris, paralelos aos mesmos, fizemos a ponte, sempre uma ponte, rumando ao Parque da Paz.
Parque que silencioso aguardava a armada dos piratas, que entrando por ele adentro o invadiram com a mordomia que lhe é devida…iluminaram-no, ao contrário do que outros não fazem, os piratas deram luz e cor á noite no nosso Parque…de gala vestido o parque exibia luzes, hoje era o dia dele, uns piratas fizeram gala de o vestir de gala.
Ancorada as caravelas…despojos para que te quero! Os piratas arrimaram ás mesas e foram saquear as iguarias, com a consciência que há coisas que um dia se contam, porque nunca se explicam…correr é isso mesmo, liberdade e pirataria.
José Garrido