Calço as sapatilhas, final de tarde quase a escurecer. Dia cinzento chuvoso, frio que obriga a um reforço do vestuário.
Inverno, chuva, frio, quase noite…vou só, que me leva a correr , que faz com que este acto, a corrida, tenha tal importância que me leve a abdicar do conforto do quente da casa, para me aventurar na rua no ar livre e frio de um dia de inverno. Este acto tem tudo! A corrida, em marcha lenta ou moderada, é para mim um momento de prazer, puro prazer…o corpo cansado, a alma confortada e a mente limpa, são os sentimentos que me ficam depois de correr. Hoje consegui aquilo que há muito tentava, correr só, e ouvir música, aliar esses dois prazeres, que tinha adiado várias vezes em virtude de quando vou correr ter, por norma, companhia para conversar e conviver durante o decurso e curso da corrida.
Coloquei os fones nos ouvidos, olhei o caminho, o manto o negro da noite começava a cobrir o Parque da Paz , não se via viva alma, só eu , os meus fones e a minha respiração. Foi sublime, a música começa a soar, nada mais ouvia…foi uma fusão perfeita, o casamento perfeito entre estes dois prazeres que tenho…aconselho vivamente.
Á minha frente os trilhos estreitos pareciam ser tapetes onde podia quase planar… o som dos Massive Attack balançava-me o corpo…corria, corria sem sentir as pernas…o meu cérebro recebia todo aquele prazer transmitido pelos meus sentidos, quer pelo esforço físico quer pelo apelo sensitivo da música. Faço da corrida um acto de prazer, entre outros prazeres, tem sido nos últimos anos uma “terapia” para mim. No correr expio os meus males, regenero-me após cada corrida…e se uma não chega aumento o tempo , transformando-a em duas se necessário. Agora que descobri este novo aliado, presente da minha filha no Natal, encontrei a fórmula perfeita para a minha terapia ao fim do dia. Munido do Mp3 ou 4, ainda não sei, vou sem temores enfrentar qualquer distância…10, 15 ou 21 km, venham eles, cá os espero com os Massive Attack, Peter Gabriel, David Bowie e os GNR ( os músicos..é claro) ,termino com o “Bem vindo ao passado” destes , parecendo ser o pronuncio de um passado em que não tinha ainda encontrado esta fórmula, corrido e música…só ouvia música e acompanhado…por vezes mal, mas na altura, ou nesse passado, fazia sentido!